A última grande romaria do ano nesta região decorreu hoje.
A romaria à Senhora de Valinhas tem raízes muito profundas num passado de séculos, confirmadas nas Inquirições Gerais de 1758.
A modesta capelinha é emoldurada por um magestoso e também secular carvalhal a cujos troncos já não se amarram as guitas dos burros mas que fazem sombra e proporcionam descanso a tanta gente que lá se desloca e em cujo chão ainda são estendidas inúmeras toalhas, das mais diversas cores, com apetecíveis farneis e, pese embora a abundância das bebidas modernas, ainda deparamos com o bem português garrafão de tinto ou branco, agora mascarado de plástico no seu aspeto.
Seria injusto falar de uma romaria de séculos omitindo toda a força de um povo, incansável no trabalho, gente em luta constante com a aspereza de um planalto que se situa acima dos 400 metros, da severidade dos invernos, dos caminhos ingremes, de carreiros e atalhos, mas que mesmo assim sempre soube organizar-se. A prova disso é-nos dada - mais uma vez - através das Inquirições Gerais de 1758, confirmando a existência de uma feira anual de quatro dias no arraial de Valinhas nos dias 5, 6, 7 e 8 de Setembro
e cuja festa à Senhora do mesmo nome se realizava sempre no dia 8, aí se juntando comerciantes que levavam os melhores frutos produzidos em Monte Córdova e também eram levadas sementes de centeio, milhão e milho miúdo, vinho verde, animais de criação, ferramentas e instrumentos agrícolas.
Séculos antes da era Cristã já por aqui se fazia sentir a romanização de que é testemunho o castro luso-romano existente no Monte Padrão e os apontamentos da via romana junto à capela de Valinhas; o Mosteiro de S. Salvador de cuja existência nos conduz às preces e orações da mãe de S. Rosendo e ao seu nascimento e baptismo no princípio do século X; a existência da Casa da Justiça em Redurado; da sua indesmentível fé na igreja de Cristo, albergando 7 capelas, uma igreja paroquial e uma basílica, concorrendo para que se realizasse em média uma festa por mês
Da ruralidade de tempos idos, as gentes de Monte Córdova caminharam e caminham de forma segura na modernidade, de forma escancarada, ao mundo envolvente atual.
A romaria à Senhora de Valinhas tem raízes muito profundas num passado de séculos, confirmadas nas Inquirições Gerais de 1758.
carvalhal de Valinhas |
Seria injusto falar de uma romaria de séculos omitindo toda a força de um povo, incansável no trabalho, gente em luta constante com a aspereza de um planalto que se situa acima dos 400 metros, da severidade dos invernos, dos caminhos ingremes, de carreiros e atalhos, mas que mesmo assim sempre soube organizar-se. A prova disso é-nos dada - mais uma vez - através das Inquirições Gerais de 1758, confirmando a existência de uma feira anual de quatro dias no arraial de Valinhas nos dias 5, 6, 7 e 8 de Setembro
Capela de Valinhas (ornamentada em 2013) |
Séculos antes da era Cristã já por aqui se fazia sentir a romanização de que é testemunho o castro luso-romano existente no Monte Padrão e os apontamentos da via romana junto à capela de Valinhas; o Mosteiro de S. Salvador de cuja existência nos conduz às preces e orações da mãe de S. Rosendo e ao seu nascimento e baptismo no princípio do século X; a existência da Casa da Justiça em Redurado; da sua indesmentível fé na igreja de Cristo, albergando 7 capelas, uma igreja paroquial e uma basílica, concorrendo para que se realizasse em média uma festa por mês
Da ruralidade de tempos idos, as gentes de Monte Córdova caminharam e caminham de forma segura na modernidade, de forma escancarada, ao mundo envolvente atual.
*António Assunção
(nota: não carece de autorização a reprodução deste texto no todo ou em parte, é apenas indispensável mencionar a fonte , o autor e o meio visualizado)
Sim senhor que bela lição de história.
ResponderEliminarAssim vamos sabendo das nossas tradições, é bom que se continuem as festas em honra dos nossos antepassados, sejam eles Romanos ou outros.
beijinho, Eugénia
Olá
ResponderEliminarA Eugénia é um amor de pessoa, daí a bondade do comentário.
Esta região é riquissima em tradições quer sejam de cariz religioso ou etnográfico. Por vezes lá vou dando uns apontamentos do muito que haveria e há para dizer. Por vezes sentimos necessidade de abordar outros assuntos para além dos da horta.
Obrigado
Cumprimentos
António A.