... e deixaram-na entregue aos lavradores da primeira aldeia que toparam. A aldeia demorava às abas do Monte Córdova, serra que se empina e ondeia com as fragosissimas encostas até à vila de Santo Tirso.
In A Bruxa de Monte Córdova, pp 178-Camilo Castelo Branco
Mostrar mensagens com a etiqueta penedia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta penedia. Mostrar todas as mensagens

16 de abril de 2011

Domingo de ramos e o pé de couve em flor

Domingo de ramos, dia em que os afilhados levam o ramo aos padrinhos para lembrar o folar... que a Páscoa já vem perto.
Mas há um outro " ramo ", o pé de couve em flor que em tempos era usual oferecer, neste dia, às moças solteiras descomprometidas; mas não só a elas, também por brincadeira às tias solteironas.
Esta tradição do ramo do pé de couve, cá em Monte Córdova e aldeias ao redor conta-se de forma breve.

A primeira condição: - arranjar um pé de couve em flor e quanto maior melhor. Depois, os rapazes interessados em " meter conversa " com determinada moçoila aproveitavam esta oportunidade para neste dia lhes entregar - pôr o ramo - em mão, no fim da missa ; nos casos em que tal não era possível porque muitas vezes elas estavam acompanhadas dos pais, prazenteiramente eles colocavam-nos ao portão da casa dela.
Em resultado desta atitude de " pôr o ramo "muitos namoros e casamentos vieram a acontecer.
Como brincadeira, pois era disso mesmo que se tratava, os rapazes mais atrevidotes " levavam o ramo " às solteironas, preferencialmente mulheres com quem a beleza nada quiz,  para gáudio de outros que ficavam à distancia a apreciar a reação da visada.
Estamos a falar de um costume que durou muitos e muitos anos aqui em Monte Córdova, terra de gente rude, esforçada e de trabalho, típica de um Portugal de outros tempos, terra com trechos encantadores criados pela natureza,sobretudo aqueles que o rio Leça cavou por entre a rudeza da penedia e dos fraguedos.
É mais um apontamento etnográfico neste alfobre de usos e costumes de Monte Córdova.