A devoção a S. Gonçalo remonta seguramente ao séc.
XVI alargando mais e mais no século
seguinte, a ajuizar pela quantidade de capelas edificadas para o culto a este
santo,
sobretudo no Norte do País.
Já lá vai o tempo ( na
década de 70 do séc. XX ainda era bem viva semelhante prática) em que ,
sobretudo nos meses de verão e logo pelas primeiras horas da manhã, víamos
grupos de romeiros - ranchos de pessoas como então se dizia - que para esses
lugares de culto se dirigiam a pé a cumprir as suas promessas. Este era o pretexto
mas a alma popular albergava a vontade de ajuntamento em espalhar pelo pó dos caminhos a alegria
contida e reprimida em consequência das
agruras da vida e da dureza do trabalho e, para isso, não podia faltar a
concertina, o bombo, a pandeireta, a viola, a gaita-de-beiços, o reque-reque e
até as pinhas tinham lugar no acompanhamento musical e festivo. Era então que
surgiam os improvisos dos descantes ao desafio, daí que muitas das quadras e rimanços
robusteceram e foram permanecendo no ideário popular, geralmente da “lavra”
deles mas atribuídas a palavras delas, de fazer corar muita gente, corporizando
anseios e desejos como se só o santo lhes pudesse valer…
“S.
Gonçalo de Amarante
Casai-me
que bem podeis.
Já
tenho teias de aranha
Naquilo
que bem sabeis.”
“S.Gonçalo
de Amarante
Santo bem casamenteiro
Antes de casar as outras
A
mim casai-me primeiro.”
“Oh!
Meu senhor São Gonçalo
Aqui tens duas donzelas
Uma já não é bem moça
E a outra já falam dela."
Aqui tens duas donzelas
Uma já não é bem moça
E a outra já falam dela."
“São
Gonçalo não quer missa
São
Gonçalo não quer esmola.
São
Gonçalo quer uma festa
De
rebeca e de viola.”
“São
Gonçalo de Amaramte
Feito
de pau de azevinho.
Dai-me
força no vergalho
Como
porco no focinho.”
Etc,
etc, etc, etc,etc
Em
Monte Córdova acorrem muitos romeiros à sua capela setecentista de arquitetura simples
e rústica, com talha policroma de estilo joanino, de nave única,
com sineira de ventana em arco.
A
maioria das capelas de culto a S. Gonçalo estão situadas nas rotas e nos caminhos jacobeus percorridos
por peregrinos que demandavam Compostela e, tal como quase todas as outras, esta em Monte Córdova - lugar da Costa -, foi
edificada a pequena distância da estrada medieval que outrora atravessava esta
freguesia de Santo Tirso.
Hoje
dia 3 e amanhã 4 é tempo de festa e romaria por cá a S. Gonçalo. È uma festa que nos encanta e sabe
a povo.
Por
se situar na encosta da aldeia de
Cortinhas, tomámo-la também como nossa que é onde se encontra a nossa casa e Horta de Codeçais.
A
propósito da inventiva popular, ocorre-me partilhar uma “quase” lenda que
noutros tempos se falava e que a capela foi construída porque as mulheres
de Monte Córdova seriam bastante feias (!!!) e não arranjavam marido facilmente,
daí a bondade do pároco de então proceder à construção da dita capela.
A
maledicência tem destas coisas, porque se de facto assim chegou a ser… é justo
dizer que nos tempos atuais a mulher cordovense é tão ou mais jovial, elegante
e bonita como qualquer bonita mulher portuguesa.
António
Assunção
O ARQUIVO DO CONHECIMENTO CMC, D CIDADE DE PIRANGA-MG, ATRAVÉS DE SEU DIRETOR, DECODIFICOU O CAMINHOS DOS CAVALEIROS PEREGRINOS DE SÃO GONÇALO, NAS PARAGENS DAS MINAS GERAIS....15/05/2014...
ResponderEliminarOlá e obrigado
EliminarÉ muito interessante saber isso tendo em conta que em Portugal não há grande conhecimento sobre tal assunto sobretudo para a comunidade de historiadores que pesquisam a vida e obra de S. Gonçalo.
Cumps
A. Varzino