... e deixaram-na entregue aos lavradores da primeira aldeia que toparam. A aldeia demorava às abas do Monte Córdova, serra que se empina e ondeia com as fragosissimas encostas até à vila de Santo Tirso.
In A Bruxa de Monte Córdova, pp 178-Camilo Castelo Branco

23 de outubro de 2011

Salamandra de pintas amarelas

Ontem à tarde quando desfazíamos um combro de terra que dificultava as manobras de acesso a máquinas agrícolas entre dois campos aqui da Horta, apareceram três salamandras de pintas amarelas.
Os compêndios apresentam-na como animal de locomoção lenta... talvez seja, mas se não fôssemos tão lestos em ir buscar a máquina fotográfica estas fotos não existiriam.
Por estas bandas as salamandras metem muito respeito.
Há a ideia que trazem peçonha, ou seja, no linguajar do povo trazem todo o género de azares, pouca sorte, doenças de pele como Tinha ou Sarna, etc. Supomos que seja mera superstição.

Com base nisto demo-nos ao trabalho de pesquisar e... em termos científicos apenas encontramos a definição de peçonha:  

-" s.f. Excreção venenosa ou corrosiva de certos animais e de alguns insetos, usada geralmente como arma de defesa. Fig. Maldade, malícia. Veneno em geral."

Talvez esteja aqui a explicação porque este animal causa  certa repulsa.


11 de outubro de 2011

Esfolhar o milho

Por cá ainda se descamisa o milho...
Já lá vai o tempo em que a esfolhada era motivo de alegria  e convívio.  Os cestos de verga foram substituídos pelos baldes de plástico, os carros de bois já não transportam as canas do milho para a eira, mas curiosamente ainda é lá que se faz a desfolhada... e os poucos canastros que ainda se conservam - onde as espigas eram armazenadas -, é mais para turista ver.
Os cantares fluíam em uníssono dos lábios dos presentes, quer fossem coreias, viras ou chulas, muitas vezes como pretexto para uma dessas danças. Os jovens participavam entusiasmados na esperança de encontrar milho-rei para poderem dar um beijo ou um abraço à namorada.

O milho-rei é a espiga vermelha ( pela tradição, a pessoa que desfolha quando encontrava esta espiga, dava um abraço a todas as pessoas presentes). A desfolhada, esfolhada ou descamisada terminava sempre em festa, com a merenda ao som das concertinas e danças pela noite dentro.
Já quase nada é como outrora. Há quem diga que o saudosismo é passado morto, mas cá por nós vamos continuar a guardar um punhado de milho rei e a deitá-lo à terra no tempo da sementeira.

4 de outubro de 2011

Abóboras...

...poucas, muito poucas
A mãe terra  tem destas coisas, abóboras poucas para guardar, as couves Penca da Póvoa com crescimento e tamanho anormais e macieiras floridas em Outubro.
É, é assim mesmo. A nossa cultura de abóboras não correu bem este ano e a colheita foi o que se vê. Estas são as que tinham tamanho e peso razoável, porque  muitas outras seguiram para a compostagem por serem pequenas demais.

Quanto à couve, na variedade Penca da Póvoa muito apreciada na época natalícia, é habitual ser plantada nesta região na última semana de Agosto. Plantamos no dia 24 e já estão conforme se vê em pouco mais de um mês.

Algumas macieiras também reclamam ser faladas e vai daí decidem florir em Setembro e Outubro. Algumas exibem frutos e outras a beleza efémera da floração.

Seja como for, somos pela aceitação e não pelo  protesto.