... e deixaram-na entregue aos lavradores da primeira aldeia que toparam. A aldeia demorava às abas do Monte Córdova, serra que se empina e ondeia com as fragosissimas encostas até à vila de Santo Tirso.
In A Bruxa de Monte Córdova, pp 178-Camilo Castelo Branco

27 de setembro de 2011

O frio está à porta

Há que prevenir contra o frio.
Lenha amontoada... é preciso resguardá-la da chuva para quando o frio chegar estar bem seca

12 de setembro de 2011

Guarda-soleiro... sim, ainda assobiam pelas ruas


Fiiiuuuuiiiii, fiiiuuuuiii....
O som estridente do assobio do guarda-soleiro fez-se ouvir hoje, dia de feira em Santo Tirso.
Apeado, num caminhar ausente de pressas, de bicicleta pela mão ao seu lado direito e a roda de esmeril montada numa caixa de madeira no suporte sobre a roda traseira, lá ia anunciando a sua presença pelas ruas.Um ou outro rosto de pessoas de meia-idade mostrava surpresa por pensarem que a profissão do homem que conserta louça com agrafos (pratos, malgas, etc ), guarda-chuvas, amola facas, navalhas, tesouras e outras ferramentas está extinta. Engano, esta é a prova que não.
O homem denota, claramente, o aspecto de quem está no outono da vida. Na cabeça um boné descolorido, veste calças de cor escura sem festo ou baínha deformadas de tanto e continuado uso, camisa com o colarinho gasto pelo uso mas limpa, nos pés umas sapatilhas já deformadas, de rosto fechado e tisnado por muitos sóis e sem sinais de alegria, com rugas profundas que indiciam preocupações... traz estampada no rosto  a amargura do tempo que vive.
Fala-se tanto em crise que será por isso que esta profissão que muitos dão como extinta - e até nem consta das estatísticas – reaparece com alguns “toques” de modernismo? Sim, porque este guarda-soleiro aparece apetrechado em bicicleta com rodas de btt. Já lá vai o tempo da grande roda em madeira acoplada a andarilho de fita que a fazia funcionar, já não tem que pedalar para fazer funcionar a roda de esmeril é, isso sim, a ação de braço que a faz funcionar e aguçar a ferramenta: tesouras, facas, etc. Já não traz  guarda-chuva de onde tirava as varetas para compor outros e certamente também não traz agulhas para remendar o pano, porque... agora os guarda-chuvas além de serem ao preço da chuva não se remendam por serem de nylon. Será que ainda conserta a louça? Ainda haverá quem se dê à preocupação de poupar algum dinheiro dando-a a consertar? Não me parece.
E, dou-me conta que que parei no passeio e esbocei uma patética exclamação: - há quantos anos não via um guarda-soleiro.
Ele lá seguiu rua abaixo assobiando a espaços mais ou menos certos, soprando o seu instrumento, quase ao jeito de harmónica de beiços, em direção a S. Bento da Batalha, provavelmente tomando como rumo alguma das localidades mais próximas, Lousado, Trofa... quem sabe dizer o seu destino?
Fiiiuuuuiiiii, fiiiuuuuiii...

P.S. – Em tempos mais prósperos (?!) os guarda-soleiros faziam a sua aparição com as primeiras chuvas depois do verão, por altura das festas a Nª Sª de Valinhas ou a Santa Eufémia  que geralmente ocorriam e ainda se festejam entre o 2º e 3º domingos de Setembro

6 de setembro de 2011

Vinha suspensa... ou quase

Não deixa de ser original fazer vindima sem ter um palmo de terra , melhor dizendo, colher as uvas de chão de pedra e sacada em ferro no alto de um prédio.
Um exemplo que pode ser seguido por quem gosta de ter o campo à porta sem ter que se deslocar para lado nenhum, basta para isso ter um vaso e alguma imaginação ( até  pássaros estão lá , em gaiolas).
Esta singularidade pode ser vista no parque Dª Maria, em plena cidade de Santo Tirso