... e deixaram-na entregue aos lavradores da primeira aldeia que toparam. A aldeia demorava às abas do Monte Córdova, serra que se empina e ondeia com as fragosissimas encostas até à vila de Santo Tirso.
In A Bruxa de Monte Córdova, pp 178-Camilo Castelo Branco

22 de dezembro de 2010

O Natal está aí...

A todos os visitantes e amigos deixo a serenidade das velas natalícias e o desejo de novas alegrias no novo ano que já espreita...

Original de A. Assunção - Aguarela s/ cartão
                      Feliz Natal

16 de dezembro de 2010

Olhar as vacas...

...enquanto pastam e aproveitar o sol do meio-dia para aquecer um bocadito.

O dia está muito frio trazido por um vento difícil de suportar aqui em Codeçais, no alto de Monte Córdova.

Indiferente aos trabalhos e obras de vedação da nossa "horta" a decorrerem mesmo ao seu lado, em que pensará a  Rosa Maria? 

12 de dezembro de 2010

Araçás no pomar

Há umas semanas atrás a Lurdes trouxe-nos da sua quinta de Junqueira ( Vila do Conde) estes dois araçás para plantarmos aqui na horta. Ainda não está escolhido o sítio onde vão ser plantados. Mais para a frente, por alturas da primavera se verá onde vão ficar.
O fruto maduro do araçá tem um sabor  entre a goiaba e o ananás e são um pouco como os dióspiros, têm que ser comidos bem madurinhos.
Conhecia-o por araçã mas parece que a designação mais comum é araçá. Seja ou não... tanto faz.
Nos Açores dizem araçais ou araçaleiros.
A folha do araçá branco é boa, em infusão, para a diarreia.

6 de dezembro de 2010

Costumes... Superstições?

Monte Córdova, no conjunto das suas aldeias, foi sempre considerada terra de tradições,  de usos e costumes e até de práticas supersticiosas ( não é mero acaso que Camilo C. Branco deu à estampa o título " A Bruxa de Monte Córdova").
Estamos no dealbar do século XXI, das tecnologias e da globalidade da internet, mas no que respeita a certas práticas a tradição ou superstição, ou até o que resta dela ainda tem alguma força. A fronteira é muito ténue e quer uma quer outra ainda existe por estas bandas.
De repente assaltou-me a ideia que as dificuldades financeiras dos tempos actuais obrigam as pessoas a repensarem e a recuar... no tempo. Quem sabe dizer?
Tratemos do caso em concreto: - aqui na "horta" o Joaquim, nos dias em que os efeitos do álcool lhe permitem alguma lucidez, tem dado uma ajuda valiosa em certos trabalhos, e, num destes dias mostrou-me uma erupção na pele, na zona do pescoço, razão porque  a ajuda que me vinha prometendo em levantar alguns dos esteios caídos da vinha teria de ficar para outra ocasião. 
Pareceu-me carecer de tratamento médico mas foi lesto em afirmar que o que precisava era de "talhar o bicho".
Ora aqui está um exemplo concreto, das dúvidas com que comecei este post.
No caso presente preferimos atribuír importancia à tradição da medicina popular, quase sempre confundida como uma prática supersticiosa... pela gente culta(?!)
Então de que se trata o talhar o bicho? Pouca gente o saberá e por isso ... aqui vai:

A criança ou pessoa senta-se num banco ou cadeira. A ensalmista faz o sinal da cruz,
acende um fósforo e diz:
                        - Eu te talho,
bicho, bichão,
sapo, sapão,
aranha, aranhão,
largato(5) largatão,
saramela, saramelão,
ou bicho de qualquer nação,
Que seja comparante a este carvão.
Em louvor de S. Selivreste
se confiar preste.
Nosso Senhor Jesus Cristo
Seja o verdadeiro mestre.
Repete nove vezes, utilizando em cada vez um fósforo a arder e riscando cruzes na parte doente. Termina com o sinal da cruz."
Os costumes e tradições de Monte Córdova, são tratados neste blog, com o respeito que o assunto deverá merecer de todos nós.
Ver mais sobre Medicina Popular neste Blog em : Páginas/Olhando/Medicina Popular em Monte Córdova

29 de novembro de 2010

Cebola para remédio dos males...

O tempo frio acompanhado de vento forte e com o sol que esteve este fim de semana - é tão agradável na hora - fizeram o resto:  estou afónico.
Aqui, em Monte Córdova,  é terra com profundos e arreigadas tradições desde as danças e cantares, passando por lendas, usos e costumes, também tem ensalmos para quase todos os males a serem ditos por quem os sabe e também procuram nas plantas a cura para muitos desses males.
A prova aqui está: acordei de manhã completamente afónico. Ora nada melhor que pôr em prática a experiência , o saber feito de outros que faz juz aos usos e costumes desta terra.
O remédio é o seguinte: - descascar algumas cebolas e utilizar as cascas. Leva-se a lume numa caneca com água, deixando ferver e depois de arrefacer gargarejar quanto baste. Ao fim de poucas horas a garganta vai clareando e as melhoras são certas.
Ainda em jeito de complemento sobre usos e costumes desta terra, era usada a Cebola ( Allium Cepa Lin.),  quando uma criança nascia com pouca vida  espremia-se-lhe cebola na boca.

25 de novembro de 2010

Esperar que passe a chuva e...

... plantar na horta o que ainda está dentro da época.
Depois de tantos dias de chuva, finalmente o sol deu um ar de graça. Por ser dia de feira em Santo Tirso fomos lá comprar cebolo de dias curtos ( inverno), embora sem grandes opções de escolha quanto ao calibre a plantar, trouxemos duas talhas a 4,50 euros cada ( uma talha tem perto de uma centena de pés).


A terra está pesada  - como se pode ver na foto - mas como o tempo permanece incerto optamos por não adiar mais a plantação do cebolo; o que nos aparece na imagem é cerca de metade do que compramos;assim, tudo o que tinhamos planeado meter à terra para este início de Inverno está concluído com  alhos, favas, ervilhas, alfaces, couve-nabiça, couve galega e tronchuda.

Tudo foi deitado à terra, semeado ou plantado sem o recurso a fertilizantes químicos.
Agora resta esperar... para colher. A ver vamos o que nos reserva a lavoura biológica.

23 de novembro de 2010

Pomar... tudo pronto

...para a plantação das fruteiras.
Hesitamos quanto ao modo e sistema da instalação do pomar. As alternativas eram todas viáveis, mas optamos por rejeitar aquelas que na instalação se tornariam mais dispendiosas, como o caso do sistema espaldeira, tatura, palmeta ou cruzeta, bardo, etc, etc, fomos para o tradicional, em eixo ou piramide. Claro que este modo tem a desvantagem de ocupar mais espaço.
Entretanto fizemos a visita aos viveiros "Juca da Costa" para fazer a primeira encomenda, para um conjunto de 40 árvores, com predominância para as macieiras e pereiras e uma pequena quantidade de outras espécies de fruteiras.

No dia combinado foi feita a entrega: macieiras nas qualidades Golden delicious, Fuji, Royal Gala, J.Richared, Granny Smith, Pero de Alcobaça e Porta da Loja. Pereiras nas variedades Rocha, Beurré Hardy, Morettini Prec., Nashi, e Vitória; ameixieiras Fortuna (vermelha), Temporã (vermelha) e Blek (preta com polpa vermelha); as cerejeiras em variedades Bical e Bigarreau; para além de dióspireiros e damasqueiros, com 2 unidades cada.
Os citrinos e outras espécies ficam para mais tarde.

22 de novembro de 2010

Futuro pomar

Sem pressas, estamos a delinear os espaços para a horta, para o pomar e  para os viveiros.

A Leira de Baixo afigura-se-nos mais ajeitada para o pomar, que nos permitirá criar várias linhas de plantação, em todo o comprimento, no entanto é mais ventosa, especialmente exposta aos ventos de NW... a decisão recaíu assim mesmo e assim vai ser.

Por outro lado é a opção que nos permitirá encurtar custos com o sistema de rega, na medida em que o furo artesiano está também localizado nesta leira...


Daqui, de Codeçais, avistamos paisagens em redor que nos suscitam cogitações de tranquilidade, até porque estamos quase, quase no ponto mais alto de Monte Córdova.  

21 de novembro de 2010

O visual é outro...

Depois de algumas horas de limpesa o visual é já outro, mas o trabalho vai continuar. São vários os esteios pelo chão que é necessário erguer e aramar.

Algumas cepas terão de ser sacrificadas por estarem demasiado velhas ou danificadas pelo derrube dos esteios que as arrastaram tornando impossível repô-las convenientemente.

A Leira de Cima também já está um pouco mais limpa mas é necessário gradar e fresar com o tractor por forma a amaciar o trabalho de plantações futuras.

Os trabalhos continuaram pela tarde fora. Estamos em tempo que se faz tarde sendo cedo, a noite cai depressa. O vento aqui no alto de Monte Córdova é frio... já apetece ir rapidamente para o calor da lareira e retemperar forças e coragem para o trabalho que nos espera nos próximos dias.
É. É esta paixão pela terra que nos move!

19 de novembro de 2010

Postes da PT, hoje... como nos primórdios

...E não pagam nada.
Tempos houve em que a necessidade de comunicar telefonicamente exigia a colocação de postes para sustentação dessas linhas, mas hoje... hoje estão obsoletos por desnecessários mas continuam a existir apenas porque a PT ( entenda-se a sua administração ) quer continuar a manter os lucros fabulosos que são do conhecimento publico; logo, se tratassem de remover estes postes que existem por todo o país elevariam os custos de exploração, etc,etc,etc.
É um abuso!  E não pagam nada aos proprietários dos terrenos onde instalaram os postes ao abrigo de uma lei caduca salazarista que qualificava como de utilidade publica a sua existencia. Pasme-se! Hoje, com os telefones móveis e internet não justifica a sua existencia nos sítios mais inverosímeis, dificultando acessos, numa palavra: um estorvo.
Esta foto é uma amostra.
Era já fim de dia e após alguma limpesa nos acessos aos terrenos constata-se que este poste e a espia que o sustém é, de facto, um estorvo.
Já seguiu carta  à PT,com o pedido de remoção para local mais conveniente, vamos lá ver o tempo de demora quer para a  resposta quer... para a remoção.

18 de novembro de 2010

Parece querer ajudar

Com tanto trabalho pela frente, estamos bem precisados de ajuda.
E parece ser especialista em certos trabalhos, será?
Pelo menos é o que parece com esta Louva-a-deus que parece estar no firme propósito de agarrar a pá e trabalhar(?!)

Mas, afinal, não veio só, pois está outra muito perto e parece querer também ajudar.
Há diferença na cor, porque será?
Pois, a ser verdade, lá diz o ditado: -"onde todos ajudam... não custa nada."
O que diz o dicionário: - "Louva-a-deus, insecto ortóptero, carnívoro, marchador, da fam. dos Mantideos, de corpo estreito e comprido, cujas patas anteriores se dobram e levantam, lembrando a posição de orar." Dic.Editora 6ª edição.

Afinal... a ajuda é outra! Pelo menos que ajudem "orando" para que na Horta tudo decorra bem .

Ainda o trabalho... a vindima

Ainda viemos a tempo de fazer a vindima em Codeçais. Apesar do estado em que a vinha se encontrava ( ver último post) a produção foi considerável. No dizer do Joaquim Abílio (falaremos mais tarde desta figura), este foi um dos anos mais produtivos.
Pelo cheirinho  está identificada. Uva de vinho de cor escura e sabor frutado  lembra o aroma de morango.
É uva "americana" a tal que fazia e ainda vai fazendo fartura nos pipos do pequeno lavrador nas terras do vinho verde. A trote dos tempos que correm e de certos interesses, as suas cepas foram cortadas, destruídas, queimadas... foi quase banida, mas ainda bordejam leiras em terras de Monte Córdova e não só...
Em Portugal a comercialização da zurrapa do vinho americano, também conhecido por morangueiro é proibida desde há algumas décadas, embora fosse amplamente tolerada. A União Europeia, a instâncias dos Estados membros produtores de vinho, proíbe a comercialização no espaço comunitário desde 1995.

(nota: estamos a tentar organizar  temporalmente o Blog em função do que temos feito  desde que nos instalamos, em Setembro ) 

16 de novembro de 2010

Trabalho, bastante trabalho pela frente

Foi em Setembro quando nos decidimos instalar aqui em Monte Córdova - localidade associada ao célebre romance de Camilo Castelo Branco, A Bruxa de Monte Córdova   e, embora não esteja lá referenciada, pela descrição do trajecto não deixa grande margem para dúvida que foi aqui, na aldeia de Codeçais, que Angélica foi deixada pelos almocreves e encontrada pelos lavradores (?!),  assunto ao qual voltaremos mais tarde  -, sabíamos que nos esperava bastante trabalho.

O que mais nos impressionou foi o deplorável estado da vinha, com os esteios de sustentação da ramada pelo chão, a aramagem na sua maior  parte rebentada  mas mesmo assim sem deixar de produzir, muros derreados, a terra sedenta e sequiosa, dura, pedinte por um arado ou sachola para se tornar produtiva.
O António Pedro ajudou na limpesa do terreno e no desbaste das videiras, mas as cepas lá continuam e tarde ou cedo terão de ser sacrificadas pois são muito velhas; o primo do Anselmo com o tractor tratou de arrumar os esteios derreados, cavou e fresou o campo da Leira do Poço Grande onde ficará situado o pomar e dentro de semanas, no tempo certo, será instalado.
Com toda esta azáfama as fotos ficaram por tirar...  não fosse um pequeno intervalo para matar a sede e nem estas fotos existiriam.